quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

NOVEMBRO VAZIO

O mês passado não atualizei o blog.Alguns fatores interferiram nisso.Agora estou em busca de um tema para me inspirar e criar contos e poemas para a atualização de Dezembro. Em breve!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ATUALIZAÇÕES DE OUTUBRO

Para esse mês escolhi como tema a Infidelidade. Assunto que gera polêmicas e consequências... E inspira! Tem uma novidade: a cada post, sugiro uma música para o momento da leitura.Selecionei algumas que gosto muito, dentre tantas que ouço na minha lista de reprodução vasta enquanto escrevo.Vozes femininas, pra dar aquele clima!. Espero que gostem!

Boa leitura a todos!

FEBRE



(Leia ouvindo  "Mysterons" do Portishead)



Antes de me encontrar assim, praticamente não-viva, posso afirmar de vivi intensamente. Provei de muitos prazeres. Provei muitos corpos. Muitos sabores. Homens, mulheres, quem atravessasse em meu caminho. O doce sabor da promiscuidade estava em meus lábios. E em cada gesto meu. Todos os dias. E eu fui feliz por muito tempo, enquanto não havia sentimentos...

Meu erro talvez tenha sido atender os chamados deles. Ele era um homem forte, sem muito tempo pra si próprio. E muito ardente, quando estava comigo. Passávamos algum tempo em sua cama, onde ele me despia com violência e tomava meu corpo como se fosse seu alimento. Ele me chamava, eu atendia. Com o passar dos dias, tornei-me escrava de seus desejos. E dos meus. Eu precisava voltar pra sua cama, cada vez mais.

Numa noite incomum, me perguntou se eu queria ser sua namorada. Aceitei. Quis também que eu morasse ali. Eu quis. Por que só queria estar com ele. Tê-lo em meu corpo tornou-se um vício. A cada orgasmo, eu queria mais.

Numa outra noite incomum, ele disse que me amava... E eu fui tomada por um silêncio inexplicável. Passei horas fazendo amor com ele, e finalmente entendi que também o amava. Algo novo, inédito pra mim, que só conhecia o desejo. Nossos dias e noites eram só nossos...

Percebi que não estava feliz, nem triste. Mas sufocada pelo amor dele. E pelo meu. Queria respirar. Sentir outros ares... Sentia saudades de minha promiscuidade póstuma. Então eu a encontrei. Eu a conheci nesse instante febril. No meio de livros e de milhares de palavras.

Ela era doce e meiga como eu. E selvagem como nunca fui. Estar com ela era ganhar hematomas e voltar a ser como antes. Eu gostava e sempre queria mais. E os dias foram meu inimigo. Estava viciada por aquela mulher. E quando voltava pra casa, ele me aguardava. Faminto, e com os olhos cheios de amor, que ardia em minha pele. Seu abraço aprisionava minha alma. Do qual eu não conseguia me libertar...

Numa tarde comum, eu revelei que tinha alguém. Ela não se importou. Mas ele jamais poderia saber. Ele se importaria. E eu também. Mantê-los em segredo estava me exaurindo. Eu não tinha mais paz. Não queria perdê-los. Mas não podia mais estar com eles. Eu tinha que escolher...

Passei a não vê-la mais. Os dias ficaram cinza. Então eu quis as cores de volta, e o deixei. Estar novamente com ela não me devolveu as cores. Eu percebi que amava os dois... Como pude me escravizar desse jeito?

Fugi deles.Pra tentar me encontrar. Talvez assim consiga respirar. Sentir meu coração batendo novamente.
Um lugar distante de tudo. Uma nova vida. E desejos escondidos...Preciso morrer algumas vezes pra voltar a vida... A febre arde... Sinto-me doente... Preciso morrer quantas vezes forem necessárias.

Preciso voltar a ser como antes.Durmo e acordo.Continua tudo escuro. O vento continuava uivante. Não há vida além da minha janela. Só sobras de sonhos. Desejos que se escondem no meu medo. As lembranças me aprisionam. Eles me visitam em sonhos, e em instantes febris.

Vejo os rostos dos dois. Ouço as vozes, sinto o cheiro de seus corpos. Sinto suas mãos me tocando.Tomando meu corpo e minha vontade própria.Um pesadelo de onde não consigo despertar. Ouço sussurros, gemidos orgásticos e o vento na janela.Os sons do fim. Ainda estou respirando... Estou delirando...

MORRA

 




(Leia ouvindo "He War " de Cat Power)


Em seus olhos 
Li o mal
Encoberto por vísceras 
E desejos
Invasão de sonhos
Trancafiados numa caixa
Amarrada por fios vermelhos
Meu corpo se movimenta
Antes do nascer do sol
Rasgando minha pele
No chão que ele pisa
Minha boca lacerada
De sua nudez vítrea
Presa pela dúvida
De sua boca para a minha
Deixe-me ir embora
Instantes de lucidez me tomam
Ainda respiro e me toco
Brilhante  e rastejante no chão
Onde ele pisa
Eu preciso sair daqui
Alguém me espera
Voltar à vida
Sem suas mãos
Voltar aos dias
Sem sua boca
Voltar a minha cama
Sem sua presença demoníaca
Violando meu corpo
Fazendo-me sangrar
E ainda assim desejá-lo
Alguém me espera
Eu quero ir embora desse santuário do mal
Eu quero que você morra...









terça-feira, 12 de outubro de 2010

NÃO ME AME


 


(Leia ouvindo "It's a Fire" do Portishead)


Quinta-feira. Era dia e os sons da rua me deixavam atordoada. Ao cair da noite a tranquilidade começava a surgir.Cheguei no quarto da rua 13 antes dele.Estava ansiosa para vê-lo,pra sentir seus braços e sua língua em meu corpo.Sentia-me em paz quando meu corpo era possuído por ele.Sentia-me plena.Era como um vício.

O quarto onde era nossa alcova ficava num antigo sobrado. Eu gostava do cheiro do lugar. Paredes e portas antigas.Piso e teto carregados com marcas do tempo.Um lugar bonito e certamente cheio de histórias. Era nesse lugar onde eu me entregava ao homem que há quase um ano vem devorando meu corpo e meus desejos.

Enquanto o aguardava, me despindo devagar, lembrei de como nos conhecemos, naquela tarde cheia de sangue e dor. Lembro de suas mãos habilidosamente suturando meu joelho. Gostava do jeito como ele limpava o sangue em minha perna. Observava suas mãos.Imaginei-as em meu corpo. Não demorou muito e logo nos tornamos amantes. Lembrei-me também do brilho da aliança na mão esquerda dele.Não me importava com isso, só queria sentir prazer.

Olhei no relógio e vi que ele estava atrasado. Isso nunca aconteceu antes. Alguns minutos mais e logo a porta abriu e lá estava ele. Mas seus olhos... Havia uma sombra neles. Um aviso. Tentei ignorar isso enquanto sua boca passeava pelo meu corpo.Senti sua respiração mais ofegante que o normal.Seus gestos estavam bruscos.Ele me tocava quase com violência.Não sei de gostava,porque senti que havia algo estranho. Ele me fez ficar de joelhos enquanto eu sentia seu membro em minha boca, quase me sufocando. E me olhava como se me odiasse. Penetrou-me várias vezes vigorosamente. Quase senti medo dele...

Depois de alguns orgasmos, eu quis saber o que estava havendo. Ele me olhou e disse friamente que as coisas mudaram. E que não deveríamos mais nos ver. Começou a se vestir rapidamente.Eu fiquei na cama, olhando perplexa seus movimentos.Porque acabar? Eu não telefonava nunca pra ele, nem ia ao seu trabalho.Não perguntava sobre sua vida pessoal. Eu era a amante ideal. Tinha vida própria. E o principal: eu dava muito prazer a ele. E sentia mais ainda.

Quando ele terminou de se vestir, me olhou e perguntou se eu queria carona pra voltar pra casa. Eu disse que sim. Vesti-me devagar observando ele fumar um cigarro. Ele evitava meus olhos. E eu perguntei por que estava fazendo aquilo. O que eu fiz? O que eu não fiz? A esposa descobriu ?O que houve afinal? Ele só dizia que as coisas haviam mudado.E que era irreversível. E disse que lamentava muito. Nesse instante eu me irritei.Como ele sentia muito e ainda assim estava terminando tudo? Não era bom¿ Encontrou outra pessoa¿ Ele disse que não havia mais ninguém.E que jamais haveria novamente.

Ficamos em silêncio por algum tempo, ambos sentados na cama, lado a lado. Eu peguei em suas mãos e depois de beijá-las, disse que só queria saber o que mudou.Ele segurou as minhas e disse que eu era desprendida e muito jovem,que poderia ter quem quisesse.E eu respondi que estava bem assim, sem cobranças, sem obrigações, sem romance.Minha vida não se limitava a ele.Eu me relacionava com outros homens além dele.Mas com ele era um caso.Um caso sério. E que eu não queria deixar de vê-lo.

Nesse instante ele me olhou e disse que era exatamente isso. As coisas mudaram. Mas não pra mim. Ele mudou. O que sentia agora era diferente. Disse que me amava... Por isso não podia mais me ver. Sentia ciúmes. Insegurança. Largaria a esposa pra ficar comigo. Se nosso caso virasse algo oficial provavelmente deixaria de ser como era. Eu fiquei perplexa com as coisas que acabara que ouvir. Não imaginava que era assim que ele se sentia, e sabia que ele estava certo. Mas porque tinha que acontecer isso? Porque ele se envolveu assim? Era pra ser só sexo..
.
Não contive as lágrimas. Fui tomada pela angústia e pela raiva. Olhei pra ele aos prantos e disse: ”Não me ame, eu não quero ver você assim! "

Ele foi embora e eu fiquei lá, lamentando o prazer que jamais teria novamente.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

NOITES COM SOL

                                                      





(Leia ouvindo "Queer" do Garbage)



Nunca vimos o amanhecer
As horas passam em fração de segundos
Sua prisão o convida a voltar
Quando verei seus olhos no espelho?
Seu corpo deitado no chão manchado 
De desejos e avisos escuros

Vestido de nudez e sonhos de amor
Quando ouvirei sua voz ao amanhecer?
Ela o chama
Ela te queima
Te aprisiona pela voz de uma criança
Ela te usa
Te escraviza
 Inutilizando você...
O útero dela  é o mal
Gerou correntes invisíveis
E compromissos de carne

Quando acordarei com você ao meu lado?
Deseho um sol vermelho na parede
Sempre que você vem
Nossas noites tem o calor dos dias
Teu suor me perfurma incessantemente 
Um perfume que é só meu
Exalando desejos e segredos de sangue
Quando beijarei sua boca ao amanhecer?

























terça-feira, 21 de setembro de 2010

ATUALIZAÇÕES DE SETEMBRO

Vieram um pouco tarde, mas não falharam! Eu dependo de minha inspiração pra escrever, então nem sempre ela vem à tempo...

Nesse mês me inspirei numa pessoa que estou conhecendo e já a classifico como alguém que pode estar inserido em meu círculo de amizades. É alguém sensível e muito bonita em seu interior e exterior também. Escreve bem. Tem tato e muita presença de espírito. É agradável de conversar. É agradável de ver.É alguém que vale a pena conhecer. E sem dúvida tem a ver com o que escrevo em meu Blog.Sua vida ( um trecho dela) me inspirou, alguns anseios seus, dúvidas, medos e também certezas. Sua suposta fragilidade na verdade faz dele um homem forte de maneira intensa e admirável.

Seu nome? Isso eu deixo subtendido...Mas ele sabe que está aqui esse mês!

Boa leitura a todos!


FUJA DE MIM

Ruínas azuis
Entre os seus olhos
Nudez tímida
Através dos dias
Todos os caminhos te levam até
O lugar de onde você foge...



VOCÊ TEM MEDO DE MIM

 Era estranho ver aqueles olhos hesitantes, que brilhavam de desejo... Mas eu gosto de ver.Um aviso escuro e escondido no medo. Assim são seus olhos e seu olhar. Os cabelos caíam na testa, o vento  fazia mover-se como um balé negro e macabro. Ele fugia no meio da noite e de frases sempre incompletas. Eu seguia seu Rastro. Sentia seu perfume. Eu sempre sabia onde encontrá-lo, e ele a mim.

Minha casa era o templo de seus desejos hesitantes e seu esconderijo. Mas porque se esconder de mim estando em minha casa? Ele se negava do seu próprio reflexo...Rejeitava o que sentia. Da própria sombra de brilho bruxuleante.

Uma vez ele disse que não era um objtEo. Mas ele é. O objeto do que mais desejo. Ele tem medo de não ser amado por mim? 

Minha libido desenfreada aprendeu a esperar por ele. Enquanto isso, outras bocas, outros corpos me satisfazem, minha promiscuidade é a tradução do meu desespero. É ele quem quero.

O sadismo iNvade minha alma e minha intenção, sinto prazer em te ver assustado, evitando me olhar nos olhos com medo de se render . Sua beleza é realçada sempre que foge, porque evidencia o quanto também me quer. Você tem medo de mim. E de você também.

Já te disse o que todos sabem: vamos todos morrer e tudo terminará. Um vazio talvez. Quem sabe outra vida. Não sei e nem você sabe. Quanto tempo ainda vou ter que esperar até te ter na minha cama e em meus braços? Venha, venha... Renda-se... Não vê que é inútil figir? Venha pra mim, eu sei que me quer...

É questão de tempo... Vai ser excitante esperar e ver o medo contornando teu corpo, e fazendo sua alma flamejar.Vai ser gostoso te provocar mais ereções e te deixar constrangido. Vou esperar Até você vir faminto e ofegante.

Acho que não vou mais Te perseguir... Você virá, cedo ou tarde... Te esperO na minha cama...

sábado, 18 de setembro de 2010




CONSENSO ILUSÓRIO


Ele passava os dias escrevendo em seu computador. O som dos passáros e do vento o distraia por vezes. Parava para um café, enquanto olhava pela janela a amplidão verde que rondava sua casa. Quase nunca saia de casa, a menos que precisasse. Seus dias eram feitos de palavras digitadas num tela, o que lhe proporcionava intenso prazer. Ele tinha a vida que sempre quis. 

Quando o sol morria, ele também finalizava sua atividade. Tomava um longo e reflexivo banho, momento precioso para sua alma. Preparava sua refeição cantarolando músicas que ele nem sabia se existia. Sua casa silenciosa era seu templo, e lá ele tinha tudo que precisava.

Sempre depois de ver um filme, ele se recolhia. Seu corpo deslizava suave na cama, envolvendo-se em lençóis acolhedores. Sua mente entrava em repouso rápido, e logo ele adentrava em sonhos. Neles, ele  era visitado por alguém que beijava-lhe os pés. Ele tinha esse sonho recorrente sempre em dias de muita tranquilidade e muitas letras na tela.

Acordava naturalmente. Sem pressa. Levantava-se devagar, acordando cada parte do seu corpo alongando-se enquanto bocejava. Seu tempo era seu, não tinha agendas ou compromissos. Mas a solidão às vezes o assombrava. Pensava na pessoa dos seus sonhos. E no beijo em seus pés. Será que essa pessoa existia? E porque aparecia em seus sonhos com frequência? Seria uma mensagem?

O dia segue como sempre. Letras, café, música, silêncio... O entardecer é o princípio de seu ritual de descanso. Ele não era metódico, era feliz com sua rotina sem rotina. Dormir era mais que descansar, era encontrar com alguém que fazia parte de seus desejos,alguém que sempre vinha, e ele voltava à cama.

O sonho... A pessoa agora não apenas beija seus pés, mas toca seu corpo. Seus lábios, seu sexo. Envolvendo-o com mãos e lábios famintos.Ele se rende ao toque, entregando-se ao prazer daquele ser que já lhe era familiar, e que desejava ardentemente. Os olhos brilhantes ofuscaram os dele, fazendo-o despertar como de um pesadelo. O coração acelerado, o corpo suado e com ereção. A boca salivando. Arrepio na pele.E a sensação da presença de alguém que só o visita em sonhos. Ele levanta-se e percebe a janela aberta, como se alguém estivesse saído por ela. A sensação da presença agora estava se distanciando.

Ele não conseguiu voltar a dormir naquela madrugada.Viu o dia nascer e percebeu que fazia muito tempo que não presenciava aquele espetáculo de luz. Momento breve.Que não o entusiasmou. Mesmo com a beleza do dia chegando, os pensamentos dele reportava-se ao sonho recorrente, que agora ganhou novos contornos. Intensos e muito reais. Fazendo com que ele quisesse voltar a dormir. Tentou inutilmente. Seu sono era noturno.

O dia passou com lentidão e ansiedade. Quando finalmente a noite caiu, ele tentou relaxar seguindo sua rotina até o momento de dormir. Desejava voltar a sonhar. Precisava sentir de novo tudo aquilo. Queria se entregar aos prazeres daquele sonho. Queria ter aquele corpo e seus lábios. Desejava vorazmente aqueles instantes novamente. Mas seu sono não teve sonhos. E a frustração ao acordar perdurou ao longo do dia.

Após uma semana de desejos e frustrações, e com sono sem sonhos, ele parecia se conformar com o abandono. A pessoa não mais veio vê-lo. Passou a odiar o momento de dormir, amaldiçoando cada hora da madrugada. Decidiu dormir o mínimo possível. cafeína e outros estimulantes em excesso passaram a fazer parte de sua dieta, e o sono se tornou escasso. Acordava se sentindo mal, o corpo dolorido, e passou a não mais apreciar os sons da natureza e do silêncio de sua casa. Seu rosto bonito estava desfigurado pelas noites de pouco sono. A solidão tomou conta de sua alma, retirando sua paz.

Num momento de muito café e amargura, percebeu que era inútil se rebelar contra a natureza. Reduziu os estimulantes e aos poucos seu sono voltou ao normal. Noites intensas de descanso fizeram parte de seus dias, e ele parecia não mais lembrar da pessoa que o visitava  e que o abandonou. Sentia-se bem fisicamente, mas a solidão noturna ainda o afligia, porém em pequenas proporções.

Era inverno finalmente, o frio acariciava sua pele como uma massagem de mãos frenéticas. Resolveu deitar-se mais cedo e aproveitar o sono se aquecendo com roupas e cobertores, depois de um chá quente.Sentia sua alma aquecida e finalmente tinha um pouco de paz.Seu rosto não mais carregava as marcas dos excessos enquanto queria estar insône.Tudo parecia normal.

A penumbra do quarto criava formas nas paredes que recebiam frestas de luz. Observar essas formas eram como contar carneirinhos, ele logo adormecia. Mas não nessa noite. No canto do quarto, próximo a única janela, ele visualizou algo que mais parecia alguém. Olhou com mais atenção e constatou que de fato era uma pessoa. Antes de esboçar qualquer reação, ele viu essa pessoa aproximar-se, mas não andando, e sim flutuando em sua direção. Ele se assustou ao ver que era a pessoa do sonho!

Ele não conseguia falar, nem se mover, parecia paralisado. A pessoa o olhou com os mesmos olhos brilhantes.Sentou-se ao seu lado e tocou seu rosto. Ele se afastou bruscamente. A pessoa não pronunciou nenhuma palavra, mas ele entendeu que não deveria ter medo.Então seu semblante aterrorizado voltou ao normal. Ele sentiu novamente o toque em seu rosto, em seus lábios, em seu corpo. Sentiu as unhas arranhar profundamente seu pescoço, sentindo o sangue escorrer. Mesmo assim, não se assustou. A pessoa lambeu seu pescoço com urgência, fazendo-o sentir o roçar de presas em sua pele!

Nesse momento ele levantou-se e percebeu quem estava ali. E o que queria. Pôs a mão no pescoço sangrento e dolorido, inundado pelo medo. O líquido vermelho espalhava-se em sua roupa. A pele branca realçava o vermelho, deixando-o com o rosto mais bonito, mais vivo. Ele era lindo, e sangrando, sua beleza estava mais evidente. Percebeu que não adiantava fugir e parecia aceitar seu destino, porém, a pessoa levantou-se, contemplou seu rosto por um longo tempo e foi embora...

Ele permaneceu ali por muito tempo, sentindo medo, alívio, e dor. Voltou a ser visitado, apenas em sonhos...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

 


PROIBIDO

Ruas de pensamentos pálidos
Entre dias e desejos explícitos
Nudez implícita no medo
Através de olhos tímidos e cicatrizes
Todos os anseios se vão
Onde seus desejos se encontram...

sábado, 14 de agosto de 2010

ATUALIZAÇÕES DO MÊS DE AGOSTO


Até ontem eu ainda não havia pensando num tema. Nada parecia me inspirar.Até que as cólicas chegaram...

Sangue...Em várias formas,e em diferentes cenários pra deixar tudo aqui bem vermelho! Enquanto meu corpo me avisava que não estou grávida, eu escrevi contos e poemas com cheiro de sangue.

Deixei aqui minha pequena homenagem ao vermelho, onde o sangue representa essa cor com mais imponência que qualquer outra coisa.

Sintam o cheiro...
                                                 


 O DESEJO E A MENSTRUAÇÃO


Ele sempre me dizia que achava fascinante uma mulher menstruada.Eu apenas ria e dizia que não tem tanta beleza assim, porque às vezes vem muita dor e mal estar junto. São dias que nos deixam pra baixo. Mas ele ignorava esse lado negativo.

Ele era meu amigo há muito tempo e frequentemente saíamos juntos.Nessa noite fomos ao cinema, e depois ele me levou pra sua casa conferir um DVD de uma banda de metal sinfônico que eu venerava. Já era tarde quando eu comecei a sentir cólicas.Esta prestes a menstruar. Fui ao banheiro e constatei que  já estava menstruada. Não tinha absorventes na minha bolsa, e nem na casa, e pra piorar ele morava sozinho. Lá era o lugar mais improvável do mundo pra se encontrar um absorvente. Sai do banheiro e avisei que teria que ir embora. Contei a ele o porquê. Ele adiantou-se a minha frente.

Quando fui abrir a porta, ela estava fechada. Ele estava parado ao lado, com um sorriso suspenso nos lábios.Percebi que não estava me deixando sair. De início ri, achando que se tratava apenas de um momento pueril dele,muito recorrente por sinal, mas depois a irritação me tomou.

As cólicas se intensificaram, o sangue se espalhando na minha calcinha... Que desconforto!Eu precisa de um banho e anti-espasmódico urgente. E claro, de absorventes! Pedi que ele me deixasse ir. Em vão. Ele me disse que era a chance de ver uma mulher menstruada. Corrigiu-se em seguida, dizendo que era a sua chance de me ver assim.Fiquei surpresa por sua atitude, e levantei minha saia, para que ele visse o sangue e se sentisse mal por estar sendo tão desagradável, e finalmente deixar-me ir.


Ledo engano.Mas nem isso o fez me deixar sair. Eu pedi, implorei pra que ele finalmente abrisse aquela maldita porta. Mas não fui atendida. O estresse me fez sentir mais dor. A dor me deixou  vulnerável e sensível.Cheguei a me sentar no sofá,porque a dor estava mais intensa e oscilante. Meu ventre ardia e latejava, as coxas doíam, o suor frio acompanhando os calafrios.Eu precisava de algo que aliviasse esse mal estar terrível.

Ele permaneceu parado, hipnotizado com meu sofrimento.Os olhos vidrados a contemplar o sangue já visível entre minhas coxas, exibidas por uma mini saia.Eu o olhava com ódio e súplica, precisava sair dali. Ou que ele me ajudasse. Finalmente ele me ofereceu remédio e um banho morno.Eu aceitei extremamente irritada com aquela atitude. Ele me aprisionou ali pra me ver sangrar!


Minha surpresa foi grande quando ele disse que primeiro eu tomaria um banho morno, como pedi.Só depois me daria o remédio. Eu não tinha outra escolha.Não me senti constrangida por ficar nua diante dele,mas não queria que ele permanecesse ali.Porém ele não saiu do banheiro. Parecia enfeitiçado.Quase via faíscas saindo daqueles olhos. Parei que tentar impedí-lo de continuar ali, era inútil, ele parecia em transe. Tudo que queria era me limpar e finalmente me livrar da dor. Os olhos dele brilhavam vendo o sangue escorrer entre minhas pernas.O piso claro do banheiro agora estava ligeiramente vermelho...


Ele desligou o chuveiro e ficou me olhando ali, nua, molhada, cheia de dor e calafrios.Aproximou-se devagar,tocando meu ventre com sua mão quente. Parecia até que faria a dor se dissipar.Eu ri ironicamente e disse que ele não tinha esse poder.Ele ignorou cada palavra. E logo acariciou minhas coxas, espalhando  o sangue que escorria devagar. Tocou meu sexo profundamente, deixando seus dedos melados e levando-os à sua boca. Não tinha forças pra me afastar, e ele continuava me tocando com mais e mais força, realçando a dor. Por fim parou, depois de  provar mais uma vez meu sangue.Parecia satisfeito agora. Ligou o chuveiro,  e  a água  tornou minha pele pálida mais uma vez. O piso claro ganhou novamente uma cor avermelhada...

Levou-me pra sua cama, enxugou minha pele, dando-me o alívio que tanto pedi em forma de comprimidos. Eu adormeci ali,ao lado dele, embalada por seus braços e seus lençóis azuis, sem absorventes.  A cama ganhou outra cor...















sexta-feira, 13 de agosto de 2010



VASO-DILATADOR

Sua companhia agora é a lua ausente
E nua...
As palavras que ela te disse antes de ir embora
Palavras com cheiro de sangue
E vazias,como estradas perdidas...
Vomitam e agonizam em seu ouvido
E você se auto-flagela pelo que não fez
Apenas enxugou o sangue dela
Que jorrou em seu peito
Enquanto te cavalgava
O sangue que também a inundou
Como o seu silêncio ...
Agora as lembranças te aprisionam
Sua solidão te faz se devorar todas as noites
Imaginando  as mãos dela
A boca , o corpo pálido
E o sangue que sempre escorria do seu nariz
Colorindo a sua pele
Te vestindo com vermelho e desejos de sangue
Onde ela estará agora?
O que faz à noite?
Será qua ainda sangra?













quinta-feira, 12 de agosto de 2010



ONDE ESTÃO TODOS?


São 7 horas da manhã. O sol está ausente, pela fresta da janela vejo uma penumbra.Agradável aos olhos, quase acariciando minha pele. Porque a penumbra? A hora não é compatível com a ausência da luz. O que está havendo no céu?

Levanto e o chão está morno. O ar também.Mas não está quente. Sinto um cheiro que não sei identificar o que é.  Acendo as luzes, abro as janelas. A luz que entra é vermelha! Me debruço na janela e contemplo o céu totalmente rubro, com nuvens alaranjadas! O que houve com o sol?

As ruas vazias. O silêncio. Eu percorro a casa e percebo que também estou só. O chão e o vento mornos. O cheiro que não sei o que é. O meu cheiro também.Ou estou impregnada? Internet não funciona, muito menos telefones.Nem a TV que eu tanto odeio!Onde estão todos?

Resolvi sair e buscar respostas. Caminhei pelas ruas vazias por muito tempo. Lojas abertas, mas sem ninguém. Portas abertas. Carros abertos. Parece que de repente tudo parou. A vida parou.

Sinto o calor vindo do chão. O ar morno vindo de encontro ao meu corpo. O cheiro ficando mais forte, mais intenso.O céu parecia se mover a cada passo que eu dava. Nuvens bruxuleantes em minha cabeça, parecendo que vai chover a qualquer instante.Tudo vermelho.O som uivante do vento começou a me deixar atordoada.

Minhas roupas aquecem. Fazem minha pele arder. Pinicar. É insuportável sentir o tecido. Eu as removo freneticamente.Todas as peças. O ar quente transfixa meu corpo nu, e a sensação é plena. Continuo andando, sem me importa com minha nudez.

O cheiro mais forte...Agora parece me guiar.O uivo do vento morno me massageia. Minha pele parece tocada por inúmeras mãos. Por vezes eu paro pra sentir esses toques, que se espalham por todo meu corpo, levando-me quase ao orgasmo. Eu corro assustada, pois não vejo ninguém, além do céu de nuvens rodopiantes vermelhas e alaranjadas.

Estou numa extensa avenida, e na próxima esquina vejo um homem. Alto, extremamente magro, a pele totalmente enrugada. Ele também está sem suas roupas e ele tem a expressão catatônica. Eu paro diante dele, e pergunto o que está havendo. Ele permanece imóvel ali, mas de repente levanta o braço e aponta para o outro lado. Há uma outra esquina, e atrás dela há um parque. Um lugar cheio de árvores e que eu costumava brincar quando criança. Eu sinto o cheiro vindo de lá.

Cruzo a rua sem medo de ser atropelada, já que todos os carros estão parados. O vento uivante sopra em meus ouvidos, movendo meus cabelos.Novamente sou invadida pelas mãos mornas e invisíveis disfarçadas de vento. Me jogam contra a parede, fazendo-me paralisar por alguns instantes. De repente, estou livre. E sigo o cheiro. Vejo o parque e suas árvores antigas e imponentes. Ando entre elas rodopiante e cantarolando algo que nem sei em qual idioma está.

Entre as árvores eu vejo um vulcão.Feito de pessoas nuas!As pessoas que não estão na cidade.Todas elas. Todas nuas!Entrelaçadas umas as outras, cheias de loucura e nudez.Vejo o homem catatônico da esquina. As pessoas parecem alucinadas, dopadas, inebriadas pelo cheiro de...sangue! Sangue borbulhante que jorra do centro desse vulcão.Eu paro diante dessa forma insólita, e permaneço com olhar petrificado.Na verdade estou hipnotizada pela imagem.

Agora todos eles olham na minha direção.O sangue escorre e chega aos meus pés. Sinto o solo quente, o cheiro recende em minha volta. O vento uivante ganha mais entonação com a respiração de todas essas pessoas nuas e cobertas de sangue e nudez. Agora eu sei onde estão todos. E eles estão diante de mim.

O vulcão humano se move.Pessoas se beijam, se lambem ,se penetram.Vejo membros, línguas, dedos, seios, nádegas. O vento agora trás cheiro de sangue e ferôrmonio que inunda meu nariz.Minha pele. Minha libido. Eu sou a única que está fora desse cone de carne e de desejos vermelhos, diante da imagem eu constato ser  a mais aterradora e fascinante que já vi. Todos me olham novamente. Esticam seus braços, me chamam e suas vozes fundem-se com o vento, ouço um coro de uivos ensurdecedor e magnético. Um convite irresistível do qual eu não poderia fugir...


 VOLTE A DORMIR


Despertar no fim do dia
Colher as flores mortas do jardim
Olhar você dormindo
Respirando o cheiro de sangue
Das paredes do quarto
Digerir os sonhos
Alimentar seu desejo
É tudo que faço
Adorar você
Banhar seu corpo
Com lágrimas pretas
Que eu peguei das ruínas
Do teu coração
E todo o sangue
Da minha boca
Pra tua
E de minha língua pra teu sexo
Até que você fique exausto
E volte a dormir...









terça-feira, 20 de julho de 2010



IMAGENS QUE ILUSTRARAM AS ATUALIZAÇÕES DE JULHO/2010

Nada melhor do que homenagear essa parte do corpo tão necessária... e erótica! Essas aí de cima são as minhas (lindas, né?rsr!).Também acho, eu as adoro! Meu NaMorido também Rsrs!  E elas me inspiraram a ilustrar o Blog esse mês.

Agora, olhem para as sua mãos. Toque-as. Sinta-as em sua pele. Admire-as. Deixe que admirem. Hidrate-as.Cuide bem delas. Deixe que elas pousem no corpo de alguém, que você ame ou não. Sinta-as em seu corpo. Use-as para sua vida fluir. Afinal, elas desempenham importante papel em tudo que você faz, ou deixa de fazer.

A seguir, alguns  Poemas e  algumas  Mãos ...em várias formas! Sintam-se massageados...



QUEM VOCÊ DESEJA?

Quando você está só
ou entre pessoas e coisas
E seu pensamento é capturado
Por lembranças distantes
Quem se materializa em seus devaneios?
Quando as luzes se  apagam

E a escuridão é sua melhor companhia
você a sente acariciar sua pele
Nesse instante solitário e escuro
Em quem você pensa?
Se seu coração sangra por alguém
Que você diz que ama
E que essa pessoa também diz amar você
Mas quando você está só 
Não lembra dela
Quem visita seus pensamentos?
Quando escuta uma música
Ler um trecho de um poema
Ou um artigo científico
Quando sente um perfume
Ou acorda a qualquer hora
Sem razão aparente
Quem você deseja?
Se você volta ao passado
E sente a brisa 
Ou a descarga de uma tempestade elétrica
De alguém que te matou várias vezes
De quem você lembra?
Num dia de sol
Ou numa fria noite
Se você sente um vazio no coração
Ou acha que ele vai explodir
Quem você realmente deseja?
Sua pele reage
Vozes podem ecoar em sua mente
Quem você deseja?
Quem você deseja?
Quem você deseja?
Quem você deseja?
Quem você deseja?

quinta-feira, 15 de julho de 2010



INFERNO VERMELHO

Por muito tempo te esperei
Eu o vejo em toda parte
sinto seu cheiro
e suas mãos em minha pele
Mas você nunca vem a mim
Nunca vem...
Nunca...
Porque tenho que esperar tanto?
Há girassóis sangrando em toda parte
E luzes azuis em minhas mãos
Tire-me daqui
Leve-me pra sua alcova
Ou pendure-me em seu altar
Por muito tempo chorei lágrimas
De poeira e vidro
E você não vem...
Venha pra mim
Venha...
Venha...
Porque me fazer esperar mais?
Há milhares de girassóis
Sangrando em mim...
E muitos desejos de amor
e de sangue...


INVERTIDA

Era a luz que queimava
eu não via em outra dimensão
Era a sombra que acariciava
soprava em minha pele como brisas invisíveis...
Invertia os pensamentos
pausados em cantos escuros
de minha mente rodopiante
de sonhos que não tive.
Dançava com a loucura
ensaiava com as nuvens de fumaça
usava roupas banhadas a sangue
para colorir a alma azul
Olhar e sonhos
crucifixos e lábios
sons e sombras amorfas
Mente e corpos corrompidos...





PECADO ROMÂNTICO

Desejava as flores
Do lado da alma
Cobiçava os ventos
Do abismo vermelho
Deliciava-se com as sombras
Do fim do dia
Abraçava corpos
No outono desnudo
Era o fim
E as nuvens se foram
A noite úmida
De suores e aromas
Cobria o rosto
De desejo e ira
Despia a pele
De pudores sutis...




TERRAS FRIAS

Ruínas e sonhos vermelhos
rostos amorfos
sorrisos suspensos
cheirando a desejos
e vontades febris...
Já era quase dia
os olhos pesados
de lágrimas e versos
O sol nasceria mas não ia brilhar
Era mais um dia cinza
aguardando a escuridão
tão confortável e macia
como a pele que te veste.
O vento
o cheiro
toda a cor em volta do nada
em espaços únicos e brandos
em toda parte
e no final
por todos os vendavais
do frio e da ilusão
da febre e do calor distantes
do início do dia frio...

terça-feira, 6 de julho de 2010

IMAGENS QUE ILUSTRARAM AS ATUALIZAÇÕES DE JUNHO/2010


A cada atualização vou escolher um filme que aprecio ou outra coisa que eu goste e vou  usuar imagens para ilustrar o Blog. Vou começar com um dos meus filmes favoritos, com o ator que também tenho como um dos meus prediletos: Malcolm Mcdowell,juntamente com a fantástica Helen Mirren!



CALÍGOLA



Calígola é um filme de 1979 dirigido por Tinto Brass, com cenas adicionais filmadas por Giancarlo Lui e por Bob Guccione, fundador da revista Penthouse. O filme gira em torno da ascensão e queda do imperador romano Gaius Caesar Germanicus, mais conhecido como Calígula. Caligola foi escrito por Gore Vidal, co-financiado pela revista Penthouse, e produzido por Guccione e Franco Rossellini. O filme é estrelado por Malcolm McDowell como o imperador. Caligola foi o primeiro grande filme a mostrar atores famosos (John Gielgud, Peter O'Toole, Malcolm McDowell, Helen Mirren) envolvidos em cenas de sexo explicíto.

Com quase 3 horas de duração, este filme é tido como o maior pornô-épico da história do Cinema, concebido e realizado por Bob Guccione, o criador da revista Penthouse.

O filme conta a história de Calígula, tirano que comandou o Império Romano durante 4 anos. Em seu reinado orgíaco e sangrento, ele fez assassinar vários membros da aristocracia senatorial, casou-se com a própria irmã (Drusila) e concedeu ao seu cavalo, Incitatus, as insígnias de senador.

Para realizar o que pretendia ser um monumento cinematográfico, Guccione desembolsou 20 milhões de dólares, encomendou 64 cenários e 3.592 trajes, e contratou os talentos de Malcolm McDowell, Peter O´Toole e John Gielgud, além do diretor Tinto Brass - que abandonou o projeto, sendo substituído por Giancarlo Lui e, depois, pelo próprio Bob Guccione.

Considerado um dos mais controversos filmes de todos os tempos, "Calígula" divide opiniões.
Para alguns, com suas cenas de sexo explícito e flagelação sado-masoquista, ele evoca as experiências cinematográficas de Pier Paolo Pasolini.

Para outros[quem?], ele não passa de um bizarro festival de escatologia.

quarta-feira, 16 de junho de 2010




DEVASSA

Invadiu os sonhos
Do homem bom
Fez dele seu fantoche
E o fez sangrar

Sabia onde achá-lo sempre
Ele estava cego
Era apenas um corpo
Sem voz

Não adiantava tentar fugir
Ela sempre sabia onde encontrá-lo
E todas as neblinas pairavam
No teto da casa dele

O rosto sem expressão
A alma vazia
Ela o esgotou diversas vezes
Até fazê-lo parar de respirar...



DESCONSTRUÇÃO


Esperava o tempo passar
Debaixo da porta
Pra ouvi-lo assoviar
O som dos seus pesadelos

As paisagens se desconstruíam muito rápido
Como os orgasmos da noite passada
O amor de anos atrás
Agora sufoca sua euforia

Mais aromas embaixo do carpete
Sons de violinos e gemidos
O que a espera fez de você?
Um resto de esperança?

O som pálido se esvai
E com ele todas as portas
O que toma conta do ambiente agora
Uma alma agonizante?



CONSTATAÇÃO


Tudo girando...

A cabeça
As folhas ao vento
A menina no quintal

Tudo sangrando...

O nariz de Endora
O pescoço da ave
A mulher louca na rua

Tudo brilhando...

Os lábios de Melissa
As placas dos automóveis
A Drag Queen na TV

Tudo Ovulando...
Menos eu!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

VENENO AMORFO

Mais linhas jogadas na tela branca.Os olhos vermelhos ansiosos por mais palavras, a boca imóvel parecia devorar cada letra.
Tantas horas aguardando cada palavra, tanto tempo ficcionada em cada verso.O que seria o tempo, um sádico inimigo vermelho?

Ele a envenena,para manter o controle. Sabe que o aguarda ansiosa como se fosse uma viciada em abstinência. Ele a influencia, ele a tem. Ela sabe disso e não quer se libertar.Nem tenta.Ela não quer. Sozinha em seu quarto,a cama naufraga em letras.Cada canto exala desespero em forma de desejo. Cada palavra a faz vomitar, e se queimar em chamas de pesadelo e gritos distantes. O prazer ganha várias formas, todas as palavras giram e flutuam diante de seus olhos. A presença dele a machuca da forma mais dolorosa e intensa, suspenso em linhas, vírgulas, acentos.

A imagem dele tem a amorfia de seus versos de sangue.No chão ela visualiza a escuridão dos olhos de seu carrasco.É o inferno escuro que ela sempre esperou, com a música que machuca seu ouvido e queima sua pele.

O veneno em doses elevadas, que a empurra ao abismo nu de vontades implícitas. Distante de sua pele, dentro de suas veias.

domingo, 18 de abril de 2010




PECADO ROMÂNTICO


Desejava as flores
Do lado da alma
Cobiçava os ventos
Do abismo vermelho

Deliciava-se com as sombras
Do fim do dia
Abraçava corpos
No outono desnudo

Era o fim
E as nuvens se foram
A noite úmida
De suores e aromas

Cobria o rosto
De desejo e ira
Despia a pele
De pudores sutis

segunda-feira, 29 de março de 2010



TUDO VERMELHO



" O Fim do dia emana luz
de um brilho raro e cruel
que vem da ruína azul
e dos meus sonhos...


As mãos frias e calmas
machucam meus anseios febris
e minha espera é vermelha
e cheira a sangue...

As nuvens
o céu
vermelho
vermelho...

O vinho
os lábios
vermelhos
tudo vermelho...

Seus olhos que nunca vi
cheira a medo do meu desejo
meu coração
minha mão

Vermelho...
vermelho...
tudo vermelho..."

sábado, 9 de janeiro de 2010




AS HORAS

Dias e noites pálidas
apenas os desejos coloriam a neblina
sua voz cada dia mais distante
mais morta

As horas passavam e a luz não brilhava mais
as horas passavam e a lua exalava sangue
o brilho
o sangue

E quando veio inundou a casa
e meu corpo
com mãos que não eram suas
bocas, línguas diferentes do que eu via

Ele é igual a você
e tem o mesmo cheiro
e sangra com a mesma cor
a mesma dor

Mas meu desejo não o arranha
nem o faz gritar com as mordaças
meu desejo brilha em seus olhos
e na minha pele quando você lambe...