quarta-feira, 16 de junho de 2010




DEVASSA

Invadiu os sonhos
Do homem bom
Fez dele seu fantoche
E o fez sangrar

Sabia onde achá-lo sempre
Ele estava cego
Era apenas um corpo
Sem voz

Não adiantava tentar fugir
Ela sempre sabia onde encontrá-lo
E todas as neblinas pairavam
No teto da casa dele

O rosto sem expressão
A alma vazia
Ela o esgotou diversas vezes
Até fazê-lo parar de respirar...



DESCONSTRUÇÃO


Esperava o tempo passar
Debaixo da porta
Pra ouvi-lo assoviar
O som dos seus pesadelos

As paisagens se desconstruíam muito rápido
Como os orgasmos da noite passada
O amor de anos atrás
Agora sufoca sua euforia

Mais aromas embaixo do carpete
Sons de violinos e gemidos
O que a espera fez de você?
Um resto de esperança?

O som pálido se esvai
E com ele todas as portas
O que toma conta do ambiente agora
Uma alma agonizante?



CONSTATAÇÃO


Tudo girando...

A cabeça
As folhas ao vento
A menina no quintal

Tudo sangrando...

O nariz de Endora
O pescoço da ave
A mulher louca na rua

Tudo brilhando...

Os lábios de Melissa
As placas dos automóveis
A Drag Queen na TV

Tudo Ovulando...
Menos eu!