terça-feira, 20 de dezembro de 2011



O Diabo me visita
todas as tardes
Ele vem  rodopiante entre a poeira
e a luz do sol escaldante
Eu não posso fugir
eu não quero fugir
minha pele é dele
Meus pensamentos
e tudo que desejo
O medo se vai esvoaçante
o calor e a luz me invade
queima e dói muito
mas eu não quero fugir
eu não poderia
porque eu sou dele
E sempre serei
Ajoelhada a seus pés
adorando-o e sangrando
eu sou dele
e sempre, sempre serei
fiel e alucinada
todas as tardes
de calor abissal
queimando, queimando
ele vem me visitar
pra devolver por instantes
minha alma
e depois se esvair
entre a poeira e o calor...












sábado, 10 de dezembro de 2011

ELE É A NOITE



Do  escuro e do frio
veio o desejo vermelho
envolvido em cabelos
e respeito obrigatório
Ele me ensinou a ter temperança
e a sentir o cheiro da noite
agora não há mais razão para ir embora
e eu fiquei
no escuro,sentindo o cheiro dele
porque não me deixa tocá-lo?
sua pele está fria, eu sei que está
deixe-me aquecer você
com minha luz vermelha
quero me envolver em sua escuridão
e deixar as luzes se expandirem
machucando os olhos curiosos
das luzes artificiais do lado de fora
e de dentro dos outros
deixe-me entrar
e me misturar a você
sentir a escuridão entrar em minhas veias
sentir você...











PINTE-ME DE AZUL


Pinte-me
nos dias cinzas
então me verá atrás das nuvens
vestida de azul
chamando você
As horas e o tempo
nunca importaram
e os dias são cheios de ânsia
quase nem lembro mais do seu rosto
mas não importa
porque continuo azul
a cor que você escolheu
para seus dias cinzas
Vestiu-se de números
e muitos fios de cabelos
esperando por mim
esperando as horas
do dia que você pintou de azul
minha pele está fria agora
seus olhos me despem
às vezes isso me assusta
mas eu jamais fugiria de você
nem dos dias cinzas
Pinte-me de azul
toda vez que escurecer
e a cor que você odeia
entrar por sua janela
eu estarei em sua cama
entre seus lençóis
azuis
entre nuvens
e suas pernas...



















quinta-feira, 15 de setembro de 2011

SONHOS E PRISÕES

Sonhos dentro de sonhos
ruínas azuis em seus olhos
toda vez que você acorda
e só tem o escuridão como companhia
A luz te rejeita
te trai todos os dias
enquanto você morre por 8 horas...

Sonhos dentro de sonhos
laranjas apodrecidas em suas mãos
sempre que você sentir fome
e desejar me amedrontar
com imagens fortes
e eu sempre vou fechar os olhos
e rezar pra que não desperte
antes do sol morrer...


Sonhos dentro do vaso
e fotos de coisas e pessoas nuas
e humores que você deveria esconder
e discos e ligas e aromas
correntes que machucam
e me prendem totalmente a você
em sonhos que sempre são sonhos ...
















sábado, 6 de agosto de 2011

 A PELE

Joguei em seus 
Olhos
Suaves infecções sazonais
E toda a nudez...
Minha palidez
Aqueceram  a pele fria
Roçando suavemente

Numa mão antibiótica  estou deitada
Um único gesto me hipnotiza
Nunca mais olhei em outra direção
Eu estava agora envolvida
Sem chance de escapar...










quinta-feira, 7 de julho de 2011

 
 
ELE MORDEU MINHA BARRIGA

No início era só a lua
e a escuridão que o trazia aqui
Depois virou um vício
...e eu não conseguia parar
Ele deixava seu cheiro pela casa
e suas marcas na mesa da cozinha
Me fitava com olhos de fome e ânsia
e eu não queria que ele fosse embora
As horas passavam como as nuvens negras
eu ouvia sua respiração atrás da cortina
Ele era o homem que havia roubado meu coração
e sepultado minha alma
Minha cama se tornou sua casa
As janelas, as paisagens nortunas sua visão predileta
Meu corpo estava em sua bandeja
Meus lábios em todos os cantos de sua pele
Ele segurou minhas mãos
Conteve minha euforia
E ele mordeu minha barriga..
E o a dor misturou-se ao sangue
e ao suor de seus desejos
Eu o beijei inúmeras vezes
mas ele mordia minha barriga
Por toda uma noite
e em vários espaços de horas
Eu sonhava com desertos vermelhos
e aurora boreal prateada
Enquanto ele
Mordia minha barriga...

terça-feira, 5 de julho de 2011






VERBOTENE LIEBE*


O que posso fazer
Além de ler sua mente?
Como estar em seus olhos
se você olha em outra direção?
Porque o medo faz parecer que você não me vê?
Porque tem que ser errado?
Eu percebi sua respiração tensa
Quando limpei o sangue que escorria de seus lábios
Era meu o perfume que você sentiu
quando acordou horas depois...
O que posso fazer pra estar dentro de você?
Não me basta ter seu corpo
Quero seus olhos em mim
E todas as palavras que você esconde
Que eu sei que existem
Mas você é tão polido...
Nem ao menos reage quando te acorrento
O que fazer pra você ser meu?
Busco o que te faz não vir a mim completamente
Uma caçada ensandescida
Mataria quem atravessasse meu caminho
Que de sangue se faria
banhando corpos que se empilhariam nas ruas
Corpos que simplesmente não tem razão
de estar ali
Porque é errado?
O que fazer pra trazer você pra mim?
E como te dizer o que eu sinto?
As noites insones me prendem a você
Ouço o vento me avisar da escuridão solitária
que me cerca
Porque você não vem?
Em qual cama você esta agora?
O que posso fazer pra você vir até mim...?



* (do alemão, 'Amor Proibido')

domingo, 3 de julho de 2011

 
 
MORDER VOCÊ

Tudo que eu queria hoje
era um pedaço de sua carne
pra saber o sabor que você tem
Tudo que eu precisava hoje
era morder você
em vários lugares
pra ver sua pele ficar vermelha
Tudo que eu queria hoje
era provar seu sangue
cada gota
Mas você se escondeu de mim
não sei mais onde te procurar
Não adianta te chamar
você não vem
E tudo que eu queria agora
era morder você
te conter enquanto te provo
ignorar seu grito

sexta-feira, 17 de junho de 2011





DIA MORTO

Sua maldita ausência
fez as plantas morreram
todo dia é mais frio
minha pele está rachada...
a dor é constante
que eu sinto falta do conforto 
de não sentir dor...
Meu corpo reclama
a falta do seu

e os dias seguem sem vida
mortos como o sangue que sai de mim
a cada 28 dias...
Eu sinto seu cheiro em toda parte
sei que está me observando
algumas brisas que me vem são seu toque...
eu sei que é você
sei que está aqui
mas eu não o vejo...
E as noites seguem pálidas
como minha pele rejeitada pelo sol
e pela cama vazia...









sábado, 11 de junho de 2011





O LOBO,A ARMA E O HOMEM



A lua pálida escondida entre nuvens
na noite improvável e quase fria
uivos são chamados doces
atendidos com análoga ânsia
meu corpo é seu santuário
escreve orações em minha pele
e as diz em meu ouvido
sou sua escrava sem correntes
esperando sempre seu toque
arranhões na porta da cozinha
nas paredes as marcas de sangue
nos lençóis o suor e pêlos negros
O lobo esteve aqui...


Agora aponta o dedo no meu nariz
esbravejando teorias ridículas de ética
e de viver como se deve
grita leis e regras
me acusa de amoral e insana
ignora meus pedidos de amor
e desejos da voltar a alcova
me faz rastejar no chão que ele pisa
ofegante e ensandecida
aponta pra mim sua ira
a arma em minha cabeça em ponto de reação...


Fugi do calabouço
arranquei meu coração
dez dias em completo desalento
nas ruas onde muitos estão
dei meu corpo pra quem quisesse ter
bebi sangue e me expus ao sol
enlouqueci até cansar
até que sua ausência me trouxe de volta
e agora o que vejo é doçura artificial
embalada em roupas pretas
em olhar faminto
e voz hesitante
agora você me escuta
agora você olha pra mim
sem teorias bizarras, nem acusações insanas
o homem está aqui...

segunda-feira, 16 de maio de 2011








 INVERSO
 
Dias vazios
é tudo que posso te dar
lençóis frios
e um céu sem nuvens
pra você contemplar
Dias sem sombra
e veneno em cálices vermelhos
isso é tudo que eu posso te dar
outras bocas
outros cheiros
é tudo que você pode buscar
estou longe
em ventanias que são só minhas
em escuros que eu quero muito
Não adiante me procurar
não quero ser encontrada
não adiante me chamar
eu não irei
reze por mim em seu altar
sinta a brisa que vem por sua nuca
ouça o vento uivante da sua janela
devore outros corpos
beba outros sangues
deixe-me
em paz...

terça-feira, 12 de abril de 2011


 
A PELE DELE

Gostava de olhar
você se esconder
e aparecer pra mim
como se fosse me assustar
E quando a noite caía
e eu não sentia seu cheiro
sabia que não viria
esperava os gritos
de todas as vozes avulsas
esperava você voltar
e surgir da escuridão
aparecendo pra mim
voltando ao seu lugar
sua pele agora estava manchada
o cheiro do sangue me disperta
e leva aos seus braços
sua pele quente
agora vermelha
em envolve
me aquece
me fazendo ficar vermelha também...

DIA ESCURO



DIA ESCURO

Frio na pele
arrepio nos olhos
Seu aviso escuro
escureceu meu desejo
Eu quis ir embora
Mas você não viu
O que estava desenhado no chão
que você pisa
E amanheceu...
Não quis ouvir o que
os sons da noite ecoavam
Sua pele arranhada em minha boca
colorindo minha palidez
e agora é dia...
amanheceu meu desalento
o desenho continua lá
no chão que você pisa...

terça-feira, 15 de março de 2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

FEVEREIRO VERMELHO

As atualizações desse mês eu dedico ao meu queridíssimo e sanguíneo amigo Osmar,ou MorcegOsmar,como é mais conhecido.Eu o chamo de Bat.Ele é feito do que há de melhor nos humanos,a alma.E do que há de mais fascinante dos não-vivos: o mistério..

Assim como eu,ele é amante dos Vampiros...Temática que há décadas desperta a inspiração das mais variadas em todos os cantos do planeta.E gentilmente me cedeu um de seus poemas, permitindo que eu o publicasse aqui.Um poema sem nome,do qual ele me autorizou a escolher um.E eu o fiz.

O poema a seguir foi cedido por MorcegOsmar,tendo o título escolhido por mim. Os subsequentes são de minha autoria,sempre envoltos em intensidade,sangue e músicas da banda italiana Theatres des Vampires.

Espero que façam uma boa e sanguínea leitura...

DE AMOR E DE SANGUE

 
Escrevi ouvindo "KAIN" do "THEATRES DES VAMPIRES"




A lua negra me presenteia
com uma estranha figura
lépida e esvoaçante
que projeta sua sombra
nas paredes de minha morada.
sigo-a rápidamente
com meus olhos afeitos
a penumbra da da noite
e vejo que é uma mariposa.
através do lufar de suas asas
uma doce e obscura sensação
permeia meu corpo e minha mente;
sons de uma conhecida melodia
densificam-se em meus sentidos;
as notas graves e descompassadas
me traz a recordação
da imagem pálida do teu corpo -
- uma ode ao sobrenatural!
sei que tua sede é grande,
tão grande quanto a minha,
mas aguardo o momento exato
de sentir teu chamado
e ir ao teu encontro,
protegido pelo manto
da nossa Mãe, a Escuridão.
Sairei de minha pousada,
que vela minha não-Vida e,
num breve espaço de tempo
que não pertence aos mortais,
estarei defronte a tua cripta,
onde uma lápide cinza
torna perene teu nome
num curto e singelo epitáfio -
- uma tentativa humana
de tentar eternizar aquela
que foste no passado...
Estarás me esperando
de braços abertos e,
como sempre, nossos corpos
mórbidos e gelados
se entrelaçarão num abraço
que velará nossa maldição;
nossos olhos iridescentes
penetrar-se-ão simultaneamente
até que nossos afiados caninos
perfurem nossas línguas
até sermos tocados pelo prazer
do beijo frio e renovador
a consagrar nossa não-Morte.
Ligados um ao outro
através de nossas jugulares,
uma vez mais padeceremos
o sofrimento do gozo ímpar,
intensificado e perpetuado
na troca acolhedora e indizível
de nosso negro fluído vital -
- o sangue renovador
dos nossos aguçados instintos.
Ao término de mais uma jornada,
já fartos e banqueteados
do sangue vermelho e quente
jorrado de nossas vítimas,
imersos na eternidade
que nos acolhe e tortura,
retornamos às nossas criptas
plenos, porém, insatisfeitos,
sabedores que nossa meta
culmina em amarga solidão...
E tudo isso, até quando!?

F I M
(morcegOsmar)

BRUXULEANTES

 Escrevi ouvindo "BLOOD ADICCTION" do "THEATRE DES VAMPIRES"






As luzes frias encontravam meus olhos
fazendo-os doer
toda vez que tentava desviar minha atenção
Enquanto um homem ofegante
provava meu pescoço
Ele tomava também minha imaginação
E elas brilhavam
oscilavam
Pareciam querer cair
sobre minha cabeça
e no corpo dele
enquanto me penetrava...

FOME

 Escrevi ouvindo "DUST" do "THEATRES DES VAMPIRES"





Em tantos corpos te busquei
em lábios de desejo e febre
Libido e fogo
em olhos de obsessão
incesto e insanidade...
Quantos humanos eu tive
pra não ter você?
Quantas mãos me tocaram
Pra que eu nunca te sentisse?
Onde está você no que busco?
É inútil...
É inútil...
Nada me satisfazerá
nem beijos

sangue
orgasmos
ou palavras de suposto amor...
Minha fome é de você
apenas de você...


SINTOMA



Escrevi ouvindo "ANIMA NOIR" do "THEATRE DES VAMPIRES"
Tantos dias escuros
e as noites frias me acalmam
mesmo se você não está aqui...
O frio me queima como o calor das horas de luz
de sol nefasto
de brilho vil
de cores vivas que fazem doer meus olhos...
Tenho medo do sol
e dos dias solitários...
Tenho medo de não mais te sentir queimando em meu peito...
Tenho medo...

sábado, 15 de janeiro de 2011

MOMENTO ESTRANHO - Parte Final-

                                                          
                                                         Escrevi ouvindo "Tears" do "Rush"


                                                                                        


Passava das dezoito horas quando eu estava fechando a Floricultura.Lamentei hoje ter odiado estar ali.Adorava o lugar.Mas hoje o dia foi intenso,de um modo que eu não gostava.Mas,enfim,foi produtivo.

Enfim,estava em casa,tomando o banho que desejava a horas e me alongando como costumava fazer.Senti-me bem mais revigorada.Depois de jantar fui relaxar na minha cama vendo TV.Nada interessante nos canais,que eu mudava sem muita empolgação.Pensei em por algum filme,mas sabia que adormeceria nos primeiros minutos.Senti-me entediada...Ou estava apenas cansada!

O sono veio arrebatador.Mas foi interrompido pelo som da companhia.Não sei por quanto tempo dormi,mas acho que foi por pouco tempo.Fui atender,bocejando e fazendo um rabo de cavalo nos cabelos.Quando abri a porta,a surpresa:era ele,meu amigo ausente.Depois de longos oito anos...

Por alguns segundos fiquei plantada ali olhando pra ele,que ria timidamente.Como nos velhos tempos.Também ri,e nos abraçamos.O tempo parecia recuar.A sensação daquele abraço veio à tona,a sensação era a de que ele jamais havia ido embora.Convidei-o a entrar e após lhe mostrar a casa,sentamos na sala e conversamos por algum tempo.

Antes mesmo que eu perguntasse porque ele se foi daquela maneira,fui surpreendida com a resposta.Não precisava mais dele,tinha alguém em minha vida.Sabia que eu ficaria bem.Quando disse que ele estava enganado ele parou de sorrir.Eu senti muito sua falta,e fiquei magoada por sua 'fuga',sentindo-me abandonada.Nenhuma justificativa que ele deu foi pertinente.Mas estava feliz de algum modo.Ele pediu desculpas por toda a ausência que me causou.Eu apenas o olhei.Segurei sua mão.Ele voltou a sorrir.

Olhou-me como antes mas dessa vez verbalizou suas impressões dizendo que agora eu era uma mulher.Havia mesmo crescido.Estava visivelmente diferente.Adulta.Estava mais bonita.Senti-me envaidecida e enrubescida também.O olhar dele era intenso e penetrante.Desconcertante ao extremo.Ele quase falou mais sobre minha aparência, mas conteve-se.Mas disse que voltou pra mim...

Perguntei sobre seu casamento.Ele disse que casou apaixonado.E se separou totalmente em desamor.Mas a aliança ainda estava em seu dedo.E eu vi tristeza em seus olhos.Que ele tentou sem sucesso disfarçar.Eu não disse que sentia muito,porque eu não sentia.

Mas o abracei e disse que 'tudo vai ficar bem'.Senti suas mãos em minhas costas e o calor daquele corpo que eu conhecia de modo inocente.Mas não superficialmente.Conhecia as batidas do seu coração.Sua respiração em vários tons.O cheiro de seus cabelos,a textura de sua pele.Nunca esqueci isso.E tudo permaneceu igual.

Meu desejo por ele era evidente.Bem mais que antes,quando eu escondia.O medo infantil de estragar a amizade o fez ir embora.Mas eu reprimi todas essas vontades...Fugia e me escondia na amizade.Achava que estava protegida. Mas porque demorou tanto pra voltar?

Oito longos anos...Eu vivi sua ausência cada dia.Só criei vínculos amorosos frágeis.Eu realmente esperava por ele.Só que eu não aceitava isso.Fingia estar apenas vivendo normalmente.E agora ele estava ali, diante de mim.Vulnerável.Quase deprimido.Esse podia ser o momento pra tê-lo em minha cama como eu desejava.Como ele queria.Como podia ser.Como deveria ter sido.Mas eu não quero.Não desse jeito.Preciso entender esse momento.Saber como me sinto e o que quero sentir.Não queria me entregar,por mais que o desejo me compelisse a isso.Queria estar com ele de todas as formas,mas não naquele momento.Não desse jeito.

A aliança brilhava no dedo dele.Odiava aquele brilho.Será que ele estava mentindo? Havia mesmo deixado a esposa?Será que eu seria sua transa vingativa?

Ele adormeceu no sofá e nos meus braços.Mas pela manhã quando levantou eu já estava longe.Liguei pra casa e ele atendeu perguntando onde eu estava.Disse que ficaria fora da cidade  por um tempo.Precisava disso.E queria que ele se resolvesse.Mas ele parecia atado.E eu não podia estar com ele desse jeito.Ele poderia ficar na minha casa,se quisesse. Referi-me a aliança.Ele ouviu sem me interromper.Mas se fosse embora deixasse as chaves dentro do vaso de Melissas que ficava ao lado da porta da frente.

Ele disse que quem estava fugindo agora era eu.Mas que esperaria o tempo que fosse necessário.Não havia mais aliança.Que aquele círculo deprimente era o símbolo de algo que acabou.Que não mais existia.Não havia mais ninguém.Porque nunca houve.Disse que sempre foi meu. Agora,estava de volta. E estaria me esperando...





terça-feira, 11 de janeiro de 2011

MOMENTO ESTRANHO - Parte 2-

Escrevi ouvindo "The Last Goodbye" do "Lacuna Coil"








Agora eu já era uma mulher adulta. Havia despedido meu patrão,como disse Zeca Baleiro numa de suas músicas,e finalmente montei minha floricultura,a "Melissa".Gostava de estar no meio das flores.E esse lugar era meu.Meu mundo particular.Não me sentia nem feliz nem triste.Mas estava realizada,afinal.Era independente.Mudei pra uma casa maior e mais aconchegante.Estava vivendo como desejei.

Em dois dias seria meu aniversário. Vinte e cinco anos...O tempo voa mesmo!Organizei uma jantar na minha casa, com os amigos mais íntimos.Foi uma noite divertida,regada a massas e vinhos.Eu fiquei só com as massas.Já tinha um lugar aconchegante.Boas companhias.Björk cantando e deixando o ambiente surreal.Não precisava de álcool.

No dia seguinte acordei estranha. Incomodada com o silêncio da casa.O silêncio que eu amava.Lamentei estar só.Há tempos minha cama só embalava meu corpo.Lá era meu esconderijo.Meu abrigo infalível.Mas naqueles instantes eu lamentei a solidão que eu escolhi.

Eu tinha um caso. Na verdade, um relacionamento aberto.Mas era tudo meio escondido.Por isso dizia que era um caso.Não sei porque.Era um fetiche,talvez.Ou simplesmente não estávamos apaixonados.Quando eu me sentia só,ou apenas queria sexo,o procurava.E ele sempre me recebia em sua cama.Ou em qualquer lugar de sua casa.

Sentia um vazio. Um vazio no coração.Nesse momento solitário e devastador eu lembrava do abraço.Aquele abraço acolhedor do meu amigo ausente.Sentia falta de ouvir sua voz.As longas horas em que conversávamos sobre tudo.Ele sempre ouvindo mais do que falando.Prestando atenção a tudo que eu dizia.E claro,o seu toque...Sempre quente e confortável.Era frequente eu adormecer em seus braços.Sem sexo.Sem nudez.Apenas ele e eu.Era assim a nossa amizade.E eu não queria destruir isso...

Mas foi inevitável. De certa forma nossa amizade foi dissolvida.A distância sem aviso.A falta de contato.Nunca mais nos vimos.Cada um seguiu numa direção.Embora eu permaneci no mesmo lugar.Mas eu não sabia onde ele estava.Eu poderia ter ido embora também.Mas fiquei aqui.Eu queria ser encontrada...

Haviam se passado oito anos... Será que ele estava feliz? Porque nos afastamos a ponto de nem mesmo sabermos como estávamos?A vida é mesmo esquisita...

Continua...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

MOMENTO ESTRANHO

Escrevi ouvindo "Where is my Mind" do "The Pixie"






Eu o conheci quando meu coração foi esmagado pela primeira vez.Nos esbarramos no supermercado,nossos carrinhos bateram forte,atraindo os olhares dos clientes,poucos dias após o meu rompimento.Estava tão destruída pela tristeza,que nada fazia sentido.Estava sempre dispersa...

Voltei a vê-lo em outra ocasião,quando saía de minha casa.Ele me cumprimentou,e eu respondi 'oi' sem lembrar quem era.Retardou os passos pra falar comigo,percebendo que não o reconheci.Lembrou-me de onde nos vimos pela primeira vez,e eu fiquei constrangida.Pedi desculpas pela 'amnésia'.Ele disse que entendia.E sorriu pra mim.Um riso tímido,mas iluminado.Durante os trinta metros seguintes não falamos mais nada.No fim da rua nos depedimos com um 'tchau'.

Uma semana depois o reencontrei na livraria próximo a minha casa.Fiquei surpresa ao constatar que ele era o novo funcionário.Fui a procura de algo sobre Vampiros.Ele me indicou um livro chamado "Vampiros no Espelho" de Giulia Moon.Eram contos.Parecia muito bom.Conversamos brevemente sobre a temática.

Depois que paguei pelo livro e agradeci a indicação,ele perguntou se eu queria conversar.Falar sobre qualquer coisa.Disse que seu turno terminava às dezessete horas.Eu não falei nada,apenas ri.Um riso triste.E fui embora.

Voltei no dia seguinte.Não entrei.Preferi ficar do lado de fora.Quando saiu da livraria ficou surpreso ao me ver ali,percebendo que eu o aguardava.Eu já estava com os olhos bem úmidos,e quando ele se aproximou,desabei em lágrimas...Senti vergonha,mas não consegui me conter.Ele me abraçou,meio embaraçado.Disse que tudo ia ficar bem.Levou-me pra jantar próximo dali.E nesse lugar eu disse o porquê de minhas lágrimas copiosas.Conversamos muito naquela noite.Falei sobre meu relacionamento desfeito.E sobre outras coisas também.Ele me ouvia com atenção.

Bom,eu falei mais do que ouvi,na verdade.E a sensação foi boa.Senti-em leve.Quase livre.Ele disse que adoraria me encontrar de novo.E que eu podia falar sobre o que quisesse.Disse que seu ombro era meu,se eu desejasse.Achei essa frase tão brega...Mas achei legal também!Ele era sincero...Deixei o número do meu telefone com ele.

Aquele ombro parecia o melhor lugar do mundo...E naqueles dias lacrimosos foram.Todos os dias ele me ligava.Todos os dias vinha me ver.Era bom sentir aquele olhar de preocupação e de carinho,e o abraço que parecia mesmo um remédio.A panacéia.Naqueles instantes eu me sentia mesmo curada de qualquer mal.

Mesmo com o coração ainda sangrando,perto dele eu me sentia feliz de alguma forma.Ele tentava me alegrar de um jeito bem natural.O que eu mais gostava era de como me olhava.E claro,do abraço,sempre tão apertado e acolhedor.Nossa amizade progredia, causando incômodo ao meu ex-namorado.Que cada dia ia se tornando mais ex ainda!

Meu novo amigo era um homem bonito.E atraente também.Mas eu estava tão cega de dor ainda,que não o via como um homem.Embora percebesse que ele me via de outra forma.Eu não estava pronta pra me relacionar.E não queria estragar nossa amizade.

Meu ex-namorado achava que nós namorávamos,e me procurou algumas vezes,querendo voltar a me namorar.Mas eu o rejeitei.Não queria mais.Ele me fez sofrer com suas mentiras,traições em série,e com tanto machismo.Sentia-me finalmente livre...

Alguns meses depois,conheci um homem enquanto aguardava atendimento num consultório dentário.Começamos a nos conhecer, e logo,a namorar.Meu amigo se afastou.Um afastamento natural.E também encontrou alguém.

Passamos a nos ver pouco.Depois de um tempo, perdemos o contato.Meu novo relacionamento não durou muito.Mas não me deixou em fragmentos.E eu quis rever meu amigo.Mas ele havia mudado de cidade.E havia se casado.Fiquei feliz em saber disso.Mas desapontada por ter ido embora,sem ao menos se depedir.Desejei que ele fosse feliz.

continua...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ALGUMAS IMAGENS

Pesquisando no Google imagens pra inserir aqui, acabo sempre esbarrando com coisas inusitadas.Achei essas bem legais e resolvi fazer esse post com elas!















SEM SONO




Olhei a escuridão através da janela
Sentindo o cheiro putréfico dos pássaros
Por toda a casa a solidão manchava as paredes
Nos cantos escuros, corpos nus
Em minha cama, cadáveres
De amores que jamais morreriam
Em minha cama, todos os túmulos
Cobertos de flores invisíveis
E de peles rasgadas
Desejos vazios de orgasmos múltiplos
Escuridão que não tem fim...
Ele era o escravo
De minhas noites insones
Ele transbordava em sono e cansaço
Enquanto eu o queria vivo
A escuridão embalava o corpo dele
Que alimentava todo o meu desejo
Mas agora ele dorme...
O cheiro dos pássaros me causava náuseas
Aqueles cadáveres empilhados na sala não me provocavam mais nada
Pela manhã não restaria mais nenhum
Meu escravo dormia...
Mas seu corpo é meu
E o sangue que jorra dele
Porque eu não durmo?
O sono me abandonou há muito tempo
Logo meu escravo também
Como todos
Porque sua vida já está se esvaindo
Porque eu não durmo?
Eu não tenho alma...

domingo, 2 de janeiro de 2011

2011 - ATUALIZAÇÃO INICIAL

Oi gente,

Novembro e Dezembro foram vazios... Houveram alguns fatores que me impediram que atualizar o Blog.O maior foi a inspiração... A desgraçada fugiu de mim!Rs! Mas resolveu dar o ar da graça, finalmente!Pra começar o ano preparei contos e poemas de temas diversos, que vocês poderão conferir em breve. Só vou postar após concluir a busca pelas imagens, que habitualmente uso pra deixar o blog mais bonitinho... E atraente, claro!


Espero ter mais seguidores este ano... E estou satisfeita com os que tenho, que sempre vem aqui e postam comentários! Pra quem escreve, isso é muitíssimo legal, porque a gente fica sabendo o que o leitor achou.

Então é isso... 

Beijos de Agnes para todos!