sexta-feira, 21 de maio de 2010

VENENO AMORFO

Mais linhas jogadas na tela branca.Os olhos vermelhos ansiosos por mais palavras, a boca imóvel parecia devorar cada letra.
Tantas horas aguardando cada palavra, tanto tempo ficcionada em cada verso.O que seria o tempo, um sádico inimigo vermelho?

Ele a envenena,para manter o controle. Sabe que o aguarda ansiosa como se fosse uma viciada em abstinência. Ele a influencia, ele a tem. Ela sabe disso e não quer se libertar.Nem tenta.Ela não quer. Sozinha em seu quarto,a cama naufraga em letras.Cada canto exala desespero em forma de desejo. Cada palavra a faz vomitar, e se queimar em chamas de pesadelo e gritos distantes. O prazer ganha várias formas, todas as palavras giram e flutuam diante de seus olhos. A presença dele a machuca da forma mais dolorosa e intensa, suspenso em linhas, vírgulas, acentos.

A imagem dele tem a amorfia de seus versos de sangue.No chão ela visualiza a escuridão dos olhos de seu carrasco.É o inferno escuro que ela sempre esperou, com a música que machuca seu ouvido e queima sua pele.

O veneno em doses elevadas, que a empurra ao abismo nu de vontades implícitas. Distante de sua pele, dentro de suas veias.