sexta-feira, 21 de maio de 2010

VENENO AMORFO

Mais linhas jogadas na tela branca.Os olhos vermelhos ansiosos por mais palavras, a boca imóvel parecia devorar cada letra.
Tantas horas aguardando cada palavra, tanto tempo ficcionada em cada verso.O que seria o tempo, um sádico inimigo vermelho?

Ele a envenena,para manter o controle. Sabe que o aguarda ansiosa como se fosse uma viciada em abstinência. Ele a influencia, ele a tem. Ela sabe disso e não quer se libertar.Nem tenta.Ela não quer. Sozinha em seu quarto,a cama naufraga em letras.Cada canto exala desespero em forma de desejo. Cada palavra a faz vomitar, e se queimar em chamas de pesadelo e gritos distantes. O prazer ganha várias formas, todas as palavras giram e flutuam diante de seus olhos. A presença dele a machuca da forma mais dolorosa e intensa, suspenso em linhas, vírgulas, acentos.

A imagem dele tem a amorfia de seus versos de sangue.No chão ela visualiza a escuridão dos olhos de seu carrasco.É o inferno escuro que ela sempre esperou, com a música que machuca seu ouvido e queima sua pele.

O veneno em doses elevadas, que a empurra ao abismo nu de vontades implícitas. Distante de sua pele, dentro de suas veias.

7 comentários:

  1. Beleza e Intensidade perfeitamente unidas!

    ResponderExcluir
  2. Uau!
    Que lindo texto.
    Intenso, nos envolve da primeira à última letra.
    Vontades, desejo, pecado, veneno...Sangue!
    Perfeito demais.
    um abraço.

    ResponderExcluir
  3. Um pouco de dor neste mundo de prazer.

    ResponderExcluir
  4. Conseguiu unir de forma intensa a dualidade humana... dor X prazer, ódio X amor. Adorei, queridAgnes. Beijo soturno do sempre

    the ^..^ Bat.

    ResponderExcluir
  5. Aurélio e Osmar, obrigada amigos pelos comentários! Sinto-me lisongeada!

    ResponderExcluir