sábado, 11 de junho de 2011





O LOBO,A ARMA E O HOMEM



A lua pálida escondida entre nuvens
na noite improvável e quase fria
uivos são chamados doces
atendidos com análoga ânsia
meu corpo é seu santuário
escreve orações em minha pele
e as diz em meu ouvido
sou sua escrava sem correntes
esperando sempre seu toque
arranhões na porta da cozinha
nas paredes as marcas de sangue
nos lençóis o suor e pêlos negros
O lobo esteve aqui...


Agora aponta o dedo no meu nariz
esbravejando teorias ridículas de ética
e de viver como se deve
grita leis e regras
me acusa de amoral e insana
ignora meus pedidos de amor
e desejos da voltar a alcova
me faz rastejar no chão que ele pisa
ofegante e ensandecida
aponta pra mim sua ira
a arma em minha cabeça em ponto de reação...


Fugi do calabouço
arranquei meu coração
dez dias em completo desalento
nas ruas onde muitos estão
dei meu corpo pra quem quisesse ter
bebi sangue e me expus ao sol
enlouqueci até cansar
até que sua ausência me trouxe de volta
e agora o que vejo é doçura artificial
embalada em roupas pretas
em olhar faminto
e voz hesitante
agora você me escuta
agora você olha pra mim
sem teorias bizarras, nem acusações insanas
o homem está aqui...

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