segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SEM SONO




Olhei a escuridão através da janela
Sentindo o cheiro putréfico dos pássaros
Por toda a casa a solidão manchava as paredes
Nos cantos escuros, corpos nus
Em minha cama, cadáveres
De amores que jamais morreriam
Em minha cama, todos os túmulos
Cobertos de flores invisíveis
E de peles rasgadas
Desejos vazios de orgasmos múltiplos
Escuridão que não tem fim...
Ele era o escravo
De minhas noites insones
Ele transbordava em sono e cansaço
Enquanto eu o queria vivo
A escuridão embalava o corpo dele
Que alimentava todo o meu desejo
Mas agora ele dorme...
O cheiro dos pássaros me causava náuseas
Aqueles cadáveres empilhados na sala não me provocavam mais nada
Pela manhã não restaria mais nenhum
Meu escravo dormia...
Mas seu corpo é meu
E o sangue que jorra dele
Porque eu não durmo?
O sono me abandonou há muito tempo
Logo meu escravo também
Como todos
Porque sua vida já está se esvaindo
Porque eu não durmo?
Eu não tenho alma...

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